Capoeira e a "Melancia na Cabeça"
Por: Mestre Jean Pangolin
Meu pai sempre falava, que quem deseja aparecer deve colocar uma melancia na cabeça e ir pra rua....rsrsrsrs. Neste sentido, a analogia também vale para as pessoas na capoeira, pois vivemos rodeados de um exército de "famosos do minuto", considerando uma necessidade extrema, por parte de alguns, em chamar a atenção para si e/ou sua causa de militância.
O fato concreto é que esse comportamento também poderá ser fruto daquilo que Freud descreveu como "recalque", que, ao contrário daquilo que pensa o senso comum, é um mecanismo mental de defesa contra ideias que sejam incompatíveis com o eu, ou seja, muitas vezes essa necessidade extrema de "aparecer" dos/as capoeiras pode ser apenas por uma baixa autoestima, fruto de um "trauma" passado.
Será que o problema é realmente chamar a atenção ou a forma de faze-lo? Por exemplo....Uma mulher que apresenta suas "curvas" intencionalmente na roda para chamar a atenção, em substituição e/ou antes da sua condição de capoeira, poderá, possivelmente, denotar que não possui segurança suficiente em si mesma como praticante da arte, pois, faz uso de sua condição corporal em detrimento de seu conhecimento ancestral.....Um homem que se vale da truculência e agressividade para ser "notado", demonstra uma incapacidade em se perceber valorado por sua condição de capoeira...Assim, seguimos em um labirinto de vaidades, em que o "parecer ser" é mais importante do que o "ser".
Muitas vezes, o ato de querer sempre chamar a atenção em capoeira pode ser a simples expressão do inconsciente pela baixa autoestima, mas também pode ser uma tentativa de manipulação da comunidade, pois, invariavelmente, a pessoa manipuladora se utiliza da propaganda de autoimagem para controle de "mentes ingênuas".
Essas firulas estéticas desviam o foco do que verdadeiramente é significativo, pois a "bunda" não toca berimbau, nem a roupa exuberante decodifica o ritual da roda....O que desejamos com esse monte de "papéis de presente"? Talvez encobrir a insegurança de uma incompetência capoeiristica e/ou exercer poder sobre outras pessoas.
Por que essa farsa persiste na comunidade? Talvez porque ainda precisamos do "pão e circo" para atenuar nossas mazelas cotidianas, ou seja, tudo bem viver de aparências superficiais que distraem a experiência crítica, pois nos falta competência para lidar com a essência da arte.
Diante disso, quero convocar para o protagonismo da pessoa em favor do coletivo, numa espécie de brincadeira, em que chamará mais atenção quem conseguir ser o símbolo de valores positivos para capoeira....Vamos chamar a atenção com o berimbau bem tocado, com a cantiga bem entoada, com o jogo cadenciado/referenciado, com o conhecimento do ritual, e com a sororidade (irmandade) entre as pessoas interconectadas no objetivo comum, capoeirar.
A minha melancia já saiu da cabeça, e agora tá na mesa esperando a sua....Quer um pedaço apenas da minha ou vamos partilhar as duas?
Axé. :
Por: Mestre Jean Pangolin
Meu pai sempre falava, que quem deseja aparecer deve colocar uma melancia na cabeça e ir pra rua....rsrsrsrs. Neste sentido, a analogia também vale para as pessoas na capoeira, pois vivemos rodeados de um exército de "famosos do minuto", considerando uma necessidade extrema, por parte de alguns, em chamar a atenção para si e/ou sua causa de militância.
O fato concreto é que esse comportamento também poderá ser fruto daquilo que Freud descreveu como "recalque", que, ao contrário daquilo que pensa o senso comum, é um mecanismo mental de defesa contra ideias que sejam incompatíveis com o eu, ou seja, muitas vezes essa necessidade extrema de "aparecer" dos/as capoeiras pode ser apenas por uma baixa autoestima, fruto de um "trauma" passado.
Será que o problema é realmente chamar a atenção ou a forma de faze-lo? Por exemplo....Uma mulher que apresenta suas "curvas" intencionalmente na roda para chamar a atenção, em substituição e/ou antes da sua condição de capoeira, poderá, possivelmente, denotar que não possui segurança suficiente em si mesma como praticante da arte, pois, faz uso de sua condição corporal em detrimento de seu conhecimento ancestral.....Um homem que se vale da truculência e agressividade para ser "notado", demonstra uma incapacidade em se perceber valorado por sua condição de capoeira...Assim, seguimos em um labirinto de vaidades, em que o "parecer ser" é mais importante do que o "ser".
Muitas vezes, o ato de querer sempre chamar a atenção em capoeira pode ser a simples expressão do inconsciente pela baixa autoestima, mas também pode ser uma tentativa de manipulação da comunidade, pois, invariavelmente, a pessoa manipuladora se utiliza da propaganda de autoimagem para controle de "mentes ingênuas".
Essas firulas estéticas desviam o foco do que verdadeiramente é significativo, pois a "bunda" não toca berimbau, nem a roupa exuberante decodifica o ritual da roda....O que desejamos com esse monte de "papéis de presente"? Talvez encobrir a insegurança de uma incompetência capoeiristica e/ou exercer poder sobre outras pessoas.
Por que essa farsa persiste na comunidade? Talvez porque ainda precisamos do "pão e circo" para atenuar nossas mazelas cotidianas, ou seja, tudo bem viver de aparências superficiais que distraem a experiência crítica, pois nos falta competência para lidar com a essência da arte.
Diante disso, quero convocar para o protagonismo da pessoa em favor do coletivo, numa espécie de brincadeira, em que chamará mais atenção quem conseguir ser o símbolo de valores positivos para capoeira....Vamos chamar a atenção com o berimbau bem tocado, com a cantiga bem entoada, com o jogo cadenciado/referenciado, com o conhecimento do ritual, e com a sororidade (irmandade) entre as pessoas interconectadas no objetivo comum, capoeirar.
A minha melancia já saiu da cabeça, e agora tá na mesa esperando a sua....Quer um pedaço apenas da minha ou vamos partilhar as duas?
Axé. :