Samuel Querido de Deus

“...elegância assim nunca se viu...”

Jorge Amado

Muitas histórias já foram contadas sobre Samuel Querido de Deus, mas pouco se sabe de real sobre a vida do famoso e lendário capoeirista, não se sabe ao certo nem seu nome e sua data de nascimento. O que se tem conhecimento é que era pescador e saveirista. Era, também, considerado pelo povo baiano e por alguns escritores como um dos maiores capoeiristas de todos os tempos.

Sua fama se deu por volta dos anos 30 e 40 do século XX. Uma época em que muitos estrangeiros visitavam a Bahia com o intuito de conhecer a capoeira e muitos deles queriam conhecer o famoso Samuel Querido de Deus.
Em 1937, Samuel Querido de Deus participou do 2º Congresso Afro-Brasileiro, realizado em Salvador.
No livro Bahia de Todos os Santos, guia de ruas e mistérios da cidade de Salvador, o escritor Jorge Amado afirmou que não havia melhor jogador de capoeira do que Samuel Querido de Deus e descreveu sua fisionomia:

“Sua cor é indefinida. Mulato, com certeza. Mas mulato claro ou mulato escuro, bronzeado pelo sangue indígena ou com traços de italiano no rosto anguloso? Quem sabe? Os ventos do mar nas pescarias deram ao rosto de Querido de Deus essa cor que não é igual a nenhuma cor conhecida, nova para todos os pintores.”

O escritor também narra uma história em que dois cinegrafistas queriam filmar uma luta de capoeira e Samuel Querido de Deus foi um dos jogadores. Ao final, Querido de Deus cobrou pela filmagem do jogo um valor muito alto, o mesmo valor que uns americanos pagaram para vê-lo lutar. Então, explicaram a ele que os cinegrafistas eram brasileiros, “gente pobre”,e “Samuel Querido de Deus abriu os dentes num sorriso compreensivo. Disse que não era nada e convidou todo mundo para comer sarapatel no botequim em frente”.
Jorge Amado também fez de Samuel Querido de Deus, um de seus personagens do livro Capitães de Areia, que se tornou filme em 2011. Um pouco mais da história – real ou fictícia – deste grande capoeirista pode ser encontrado no livro de contos Santugri: Histórias de Mandinga e Capoeiragem,de Muniz Sodré.

Referências:
- ABIB, Pedro (org). Mestres e Capoeiras Famosos da Bahia. Salvador, EDUFBA, 2009.
- AMADO, Jorge. Bahia de todos os Santos, guia de ruas e mistérios da cidade de Salvador. Salvador, Martins Editora, 1970.
- SODRÉ, Muniz. Santugri: Histórias de Mandinga e Capoeiragem. Rio de Janeiro, José Olimpo Editora, 1988.

1 Comentários

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  1. Quem somos, de onde viemos, e para onde vamos...
    Não é a toa que está pergunta perpetua através dos tempos.
    Ao olhar nossa história e observar os seus passos, não somos muito diferente daquilo que fomos antes.
    Muito rápido esquecemos do passado.
    Com facilidade escolhemos novos ídolos, e deixamos cair no descaso os que ainda estão aqui!
    Provavelmente ao olhar as fotos antigas lembraremos com nostalgia de um período ou certo momento em que vivemos, e talvez iremos lamentar o porque que não o aproveitamos mais.
    Não podemos deixar morrer a ancestralidade ea oralidade.
    Sempre que olho fotos antigas, eu vejo;
    Quanta biblioteca se perdeu.

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